A rosa é mundialmente conhecida. Flor da roseira, cuja planta é robusta e de espinhos, a rosa oferece infinidade de matizes e perfumes.
Admirada através dos séculos e das civilizações, a rosa tem sido utilizada como adorno, alimento, remédio, símbolo, e sem perder, em razão de sua beleza singular, seu atributo inspirador para formas plurais de arte e literatura:
“A rosa é sem por quê.
Floresce porque floresce,
Não se autocontempla
Nem pergunta se alguém a vê.“
(Angelus Silesius)

Presente nas civilizações antigas, as rosas figuraram nos registros milenares da China e perfumaram os antigos jardins da Pérsia (atual Irã). Nos relevos do palácio de Persépolis, uma das capitais do império persa, há a imagem de Ciro, o Grande, com um colar de rosas no pescoço, no momento de render culto à Mãe Natureza.
Os gregos antigos dedicavam a rosa à deusa Afrodite. A poetisa Safo cantou a rosa como a “rainha das flores”, uma expressão lírica que até hoje perdura entre os admiradores das flores e dos jardins.
Decoração rosada
Durante o reinado do Imperador Augusto, as rosas eram usadas naturalmente nas decorações das casas e das tumbas, e elas floresceram juntamente com expansão do Império Romano.
Com a queda do Império Romano, em 476 d. C., a rosa viveu um período de obscuridade, até que o imperador Carlos Magno, em 794, em seu “Capitulare de villis vel curtis imperiabilus”, ordenou seu cultivo como planta medicinal e de adorno. Ele motivou sua reintrodução nos jardins privados e assim, na Idade Média, a rosa tornou-se um símbolo do amor dos cavaleiros e dos trovadores. Em 1752 chegou à Europa a primeira rosa chinesa (Rosa chinensis) e em 1793 teve início o desenvolvimento das rosas-de-chá.

Posteriormente surgiram as variedades de florações anuais. Além disso, a imperatriz Josefina de Beauharnais, primeira esposa de Napoleão Bonaparte, exerceu grande influência sobre o desenvolvimento das rosas nos jardins do continente europeu.
Para nossa sorte, os jardins de rosas, uma tradição arraigada na Europa, foram incorporados ao desenho moderno. Por isso, até hoje os jardins de rosas proliferam do Reino Unido à Espanha.
A rosa e o Brasil
Em relação ao Brasil, são escassas as referências sobre a história das rosas. É sabido que foram trazidas pelos jesuítas entre os anos de 1560 e 1570. Em 1829, a partir da Criação da Ordem da Rosa, através da qual Dom Pedro I homenageava os nobres por seus feitos, foi iniciado, no país, o plantio de roseiras em jardins públicos.
O Brasil é atualmente um grande produtor de rosas para corte, atendendo o mercado interno e externo. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a rosa é principal flor de corte produzida.
Rosa e gastronomia
Digna de uma história fecunda no que diz respeito à adaptação, a rosa, além do aspecto ornamental, agrega outros traços significativos: algumas espécies servem de alimento para animais silvestres, outras possuem propriedades fitoterápicas, outras produzem essências e óleos empregados na cosmética e perfumaria e, ainda, as rosas são um rico ingrediente alimentício.

Na Turquia, por exemplo, preparam-se geleias de rosas e confeitos. Na cozinha iraniana, das pétalas de rosas é elaborado mel e geleias, entre outros pratos costumeiros. Flor comestível, a contemporânea gastronomia vanguardista utiliza a rosa crua, acompanhando saladas e pratos exóticos.
A água de rosas, por sua vez, é usada para aromatizar saladas, doces, xaropes, sobremesas, bolos, biscoitos, vinagres, vinhos, chás etc.
Qual é o gosto de uma rosa?
Há espécies com um sabor mais acre, mais adocicado ou mais amargo. Tal como qualquer outro ingrediente, rosas têm que ser utilizadas com prudência.
As rosas possuem minerais e têm baixo teor calórico (cerca de 40 calorias por 100 g). São ricas em vitaminas C, B, E, K e taninos, que lhe asseguram o caráter adstringente. O detalhe de uma rosa em um prato, como ingrediente ou apenas para ornamentar, implica sensibilidade e um nítido desejo de querer emocionar a quem irá degustá-lo.
Infusão de pétalas de rosas
Ingredientes
6 pétalas de rosa orgânicas, frescas e limpas
200 ml de água potável
Preparo
Quando a água ferver a 100ºC, desligue o fogo, despeje a água em um bule e adicione as pétalas. Tampe e deixe repousar por 10 minutos. Sirva em uma xícara e desfrute. Obs: A infusão de pétalas de rosas, antioxidante, é indicada para relaxar, combate a insônia e fortalece o sistema imunitário.
“Foi o tempo que perdeste com a tua rosa que a fez tão importante.”
Antoine de Saint-Exupéry
Notinhas
Análises do DNA de rosas indicam que elas devam existir há pelo menos 200 milhões de anos. É provável que as rosas tenham sido cultivadas pela primeira vez na China, entre 2737 e 2697 A.C.
As grandes civilizações antigas, como a romana, incluíam a rosa em suas receitas gastronômicas e nos vinhos. Durante séculos a água de rosas esteve presente em um lugar privilegiado em cada casa romana e com finalidade medicinal, culinária e ornamental. Na atualidade, no Oriente Médio, a água de rosas é muito apreciada para elaborar pratos diversos e como componente chave nas bebidas derivadas do iogurte.
Marcus Gavius Apicius, em seu livro “De re coquinaria”, descreve a preparação do vinho de rosas, na qual se maceram as pétalas em vinho vários dias e se consome com mel; este vinho era servido nos banquetes dos imperadores romanos.

Inclusive as rosas são plantadas próximas aos vinhedos, não apenas para deixar tudo ainda mais bonito e sim por dois motivos principais: organizar e distinguir a denominação que o vinho terá (rosas brancas indicam que ali é uma área destinada a produção de vinho branco, ou rosas vermelhas, indica o vinho tinto) e também no controle de doenças, pois as rosas podem contrair os mesmo fungos que os parreirais, o que funciona como um alerta para os produtores.

Rosa e gastronomia
Serão os chefs franceses Michel Bras e Marc Veyrat que revitalizarão o uso das flores na cozinha contemporânea, marcados pela influência do “terroir” e da necessidade de integrar o entorno à cozinha.
A rosa é tradicionalmente utilizada como flor comestível em países como Índia, Paquistão, Afeganistão, Turquia e demais países vizinhos.
A arte de destilar as pétalas de rosa foi introduzida no Ocidente pelos árabes no século X. Atualmente a essência de rosas de melhor qualidade procede da Bulgária e do Marrocos.
Histórico
O cultivo da rosa e suas variedades começou no século XIX e se dividem em duas grandes categorias: rosas antigas (com as variedades Alba, Damasco, Centifolia, Gallica e Moss, que foram muito populares nos jardins europeus até o século XVIII) e rosas modernas – a primeira rosa-de-chá híbrida teve lugar em 1867 com Jean-Baptiste Guillot e marcou o começo da era moderna no mundo das rosas.

As espécies do gênero Rosa estão distribuídas pelas regiões temperadas do Hemisfério Norte e, apesar das rosas se desenvolverem bem no Hemisfério Sul, nenhuma é nativa das latitudes ao sul da linha do equador.
Milhares de hibridações
Atualmente há muitos cultivares de rosa a partir de hibridações diversas (mais de 30.000) e cada ano surgem outros novos. Em sua maioria são originários de Ásia e um reduzido número nativas da Europa, América do Norte e nordeste da África.
Na Espanha, em 23 de abril, é dia de San Jordi e a tradição manda presentear livros e rosas. Em uma programa de implantação de florestas em planícies aluviais na Alemanha, ao longo do rio Elba, arbustos de R. canina foram usados como vegetação pioneira.
Eugênia Pickina
Escritora e educadora ambiental. Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP).
Tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas do estado de São Paulo e do Paraná, onde vive.
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Referências
Anderson, W. L. Edminster, F. C. The multiflora rose for fences and wild life. Washington; U.S. Department of Agriculture, 1954, 8 p.
Fontana, G. Le cinque rose botaniche considerate le antenate delle rose attuali. Vita em Campagna, Verona, v. 6, p. 16, 1997.
Greger, O. Afforestation of riparian forest along the Elbe according to natural development. Forst und Holz, v. 57, n. 13/14, p. 440-444, 2002.
Silva, Waldemar. Cultivo de rosas no Brasil. São Paulo: Nobel, 1987.