Foto mostra Ipês amarelos

Ipês: conheça algumas das espécies conhecidas

Conheça alguns ipês e suas características mais importantes


* Teresa C. S. Sigaud Kutner


Há muitas espécies arbóreas conhecidas como ipês. No entanto, aquelas mais típicas pertencem ao gênero Tabebuia, que engloba cerca de 12 espécies, de acordo com Lorenzi (2002), no qual se baseiam as descrições que se seguem.

O gênero Tabebuia é incluído na família Bignoniaceae, conhecida pela beleza de suas flores. Os ipês são árvores caducifólias, isto é, perdem suas folhas em determinada época do ano. Florescem quando estão despidos parcial ou totalmente de sua folhagem, exibindo flores de tonalidades amarelas, rosadas ou arroxeadas, brancas e esverdeadas, estas últimas não exibidas pelo gênero Tabebuia.

Espécies de ipês-amarelos

O gênero Tabebuia apresenta 7 espécies de ipês-amarelos. Tabebuia alba, popularmente designado como ipê-amarelo-da-serra ou ipê-da-serra, ocorre do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, na floresta semidecídua de altitude. Atinge de 20 a 30 m de altura. Suas folhas são compostas por 5 a 7 folíolos. Floresce de julho a setembro; seus frutos são produzidos de outubro a novembro. A árvore é extremamente ornamental, devido ao florescimento espetacular e à folhagem prateada dos brotos jovens. A madeira desta espécie é própria para obras externas (dormentes, pontes, moirões, vigas, etc) e para marcenaria.

Foto mostra um dos ipês com uma estrada de terra ao fundo
Tabebuia alba (ipê-amarelo-da-serra ou ipê-da-serra) – Campos do Jordão/SP

Tabebuia aurea, conhecido como craibeira ou ipê-amarelo-do-cerrado, é encontrado na região amazônica, do Nordeste até São Paulo e Mato Grosso do Sul, no Cerrado, na Caatinga e no Pantanal Matogrossense. Atinge de 4 a 6 m de altura no Cerrado e de 12 a 20 m nas várzeas úmidas da Caatinga ou do Pantanal. Apresenta folhas compostas por 3 a 7 folíolos. Floresce no período de agosto a setembro e frutifica de setembro a outubro. Sua madeira é empregada na construção civil e em obras externas, sendo apropriada para compor cabos de ferramentas, peças curvas, réguas flexíveis, artigos esportivos, esquadrias e móveis. Um aspecto interessante é a indiferença desta espécie ao grau de umidade do solo, ocorrendo tanto em terrenos bem drenados do Cerrado, como em solos muito úmidos do Pantanal ou da Caatinga.

Muito presente em praças e ruas

Tabebuia chrysotricha, chamado de ipê-amarelo-cascudo ou ipê-do-morro, encontra-se a partir do Espírito Santo até Santa Catarina, na floresta pluvial atlântica, na região mais drenada do alto da encosta atlântica. É a espécie de ipê-amarelo mais cultivada em praças e ruas de nossas cidades. Devido ao seu pequeno porte (atinge 4-10 m), pode ser empregada na arborização de ruas, sob redes elétricas. Apresenta folhas compostas, com 5 folíolos. Floresce de agosto a setembro; seus frutos amadurecem de setembro a outubro. Sua madeira é útil em obras externas (postes, pontes e cercas) e também, em ambientes internos (tacos e tábuas de assoalho, rodapés, molduras, etc).

Foto mostra ipê amarelo em uma das ruas de São Paulo
Tabebuia chrysotricha (ipê-amarelo-cascudo ou ipê-do-morro) – São Paulo/SP

Tabebuia ochracea (ipê-amarelo ou ipê-cascudo) atinge de 6 a 14 m de altura. Suas folhas são compostas e constituídas por 5 folíolos. Distribui-se nos estados de Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná, no Cerrado e na floresta latifoliada semidecídua da Bacia do Paraná. Seu florescimento é realmente um belo espetáculo da natureza, o que a torna adequada para o uso paisagístico. Porém, como é adaptada a solos secos, é indicada para plantio em áreas degradadas de preservação permanente. Floresce do final do mês de julho até setembro, com os frutos surgindo de setembro até outubro. Sua madeira é usada, externamente, em postes, dormentes, cruzetas, e também, em acabamentos internos (assoalhos, batentes, escadas, lambris, esquadrias) e na confecção de peças torneadas (bolas de bocha e boliche), instrumentos musicais, etc.

Presente na floresta Amazônica

Tabebuia serratifolia, designado pau-d’arco-amarelo, apresenta um porte máximo de 8 a 20 m e folhas compostas, com 5 folíolos. É muito frequente na região amazônica e esparso do Ceará a São Paulo, na floresta pluvial atlântica, apresentando um pouco mais de espécimes no sul da Bahia e norte do Espírito Santo. Prefere os solos bem drenados das encostas. Floresce de agosto a novembro e frutifica de outubro a dezembro. Esta árvore em flor é observada durante os sobrevôos na floresta amazônica. Sua madeira é apropriada para construções pesadas, civil e naval, obras internas (pisos) e confecção de tacos de bilhar, bengalas, eixos de rodas, etc.

Tabebuia umbellata, popularmente conhecido como ipê-amarelo-do-brejo ou ipê-da-várzea, atinge de 10 a 15 m de altura, com folhas compostas de 5 folíolos. É observado de Minas Gerais e Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul, principalmente na floresta pluvial atlântica das planícies e várzeas muito úmidas, na floresta latifoliada da Bacia do Paraná e do Cerrado. Seu florescimento é observado nos meses de agosto a outubro e sua frutificação, de outubro a novembro. Sua presença é indispensável em reflorestamentos de matas ciliares, por ser adaptada a terrenos brejosos. Sua madeira é empregada em obras externas (dormentes, vigas, pontes, moirões, postes, etc) e internas (assoalhos).

Foto mostra árvore e flores de Ipês amarelo
Tabebuia vellosoi (ipê-amarelo ou ipê-tabaco) – Garça/SP

Árvore símbolo do país

Tabebuia vellosoi, chamado ipê-amarelo ou ipê-tabaco, apresenta um porte máximo de 15-25 m. Exibe folhas compostas, com 3-5 folíolos. Diferencia-se das demais espécies de ipês-amarelos, por apresentar a corola (conjunto de pétalas da flor) mais longa. Sua presença é verificada nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás, principalmente no interior da floresta pluvial densa. Floresce a partir de julho até setembro, com a maturação dos frutos ocorrendo no período de outubro-novembro. Esta árvore foi escolhida como árvore símbolo do país, através de decreto federal. No entanto, entre as espécies de ipês, é a menos cultivada. Devido a seu grande porte, é mais indicada para arborização de parques e praças. Sua madeira é usada tanto externamente, em vigas de pontes, postes e moirões, como para confecção de artefatos torneados, bengalas, carrocerias, etc.

Espécies de ipês-roxos

Tabebuia avellanedae, popularmente denominado ipê-roxo ou ipê-roxo-da-mata, atinge uma altura de 20-35 m. Suas folhas são palmadas e compostas, contendo 5 folíolos. Sua presença é notada nos estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo até o Rio Grande do Sul, na floresta latifoliada semidecídua da Bacia do Paraná. Floresce de junho a agosto, com o surgimento dos frutos no período compreendido entre os meses de agosto e novembro. É a espécie de ipê mais utilizada no paisagismo da região sul do Brasil. Sua madeira pode ser empregada na construção civil (externa e interna) ou naval, bem como na confecção de peças torneadas, eixos, dentes de engrenagem, tacos de bilhar, etc.

Foto mostra Ipê roxo em fazenda
Tabebuia avellanedae (ipê-roxo ou ipê-roxo-da-mata) – Garça/SP

Tabebuia heptaphylla, chamado de ipê-roxo ou ipê-roxo-de-sete-folhas, apresenta folhas compostas de 5 a 7 folíolos e atinge uma altura de 10 a 20 m. Sua ocorrência é registrada no Sul da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, com predominância na floresta pluvial atlântica e esporadicamente, em formações abertas. Floresce no período de julho a setembro e produz frutos, de setembro até o início de outubro. Da mesma forma que a espécie anterior, sua madeira é usada na construção civil e naval e também, na confecção de tacos, bengalas, eixos de rodas, etc. Dada à sua beleza e porte, é útil para arborização de ruas e avenidas.

Foto mostra Ipê roxo em rua da cidade de São Paulo
Tabebuia heptaphylla (ipê-roxo ou ipê-roxo-de-sete-folhas) – São Paulo/SP

Tabebuia impetiginosa, conhecida por ipê-roxo ou ipê-de-minas, atinge de 8 a 12 m; no entanto, no interior da floresta, seu porte máximo alcança 20-30 m. A sua folhagem é composta (5 folíolos). Sua distribuição tem início nos estados do Piauí e Ceará, seguindo até Minas Gerais, Goiás e São Paulo, tanto na mata pluvial atlântica, como na floresta semidecídua e ocasionalmemte, no Cerrado. É uma das espécies de ipês mais comuns nas cidades do centro-oeste, com uma floração exuberante. Suas flores surgem no período de maio a agosto e seus frutos, nos meses de setembro e outubro. Sua madeira, assim como a das outras espécies de ipês-roxos, é extremamente pesada e útil para construções externas e internas, para trabalhos de torno e confecção de artigos esportivos, para carrocerias e instrumentos musicais.

Espécies de ipê-branco

Tabebuia insignis, popularmente chamado de ipê-branco-do-brejo ou ipê-branco-do-cerrado, atinge um porte de 4 a 7 m e apresenta folhas compostas de 4-5 folíolos. Ocorre em São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, em terrenos brejosos do Cerrado. Devido ao seu pequeno porte, é empregado na arborização de ruas estreitas, sob a rede elétrica. É característico de várzeas alagadas do Cerrado e da floresta latifoliada da Bacia do Paraná, não obstante cresça bem em solos secos. Floresce em duas épocas distintas: de julho a setembro e de fevereiro a abril e frutifica de setembro a novembro e de março a maio. A madeira desta espécie é usada apenas para confecção de caixotes, brinquedos e artefatos leves.

Fotos mostram flores de Ipês brancos em estacionamento
Tabebuia roseo-alba (ipê-branco ou ipê-do-cerrado)

Tabebuia roseo-alba, ipê-branco ou ipê-do-cerrado, apresenta flores brancas ou rosadas, atinge de 7 a 16 m de altura e produz folhas trifolioladas. Sua presença é assinalada no norte do Estado de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás, na floresta latifoliada semidecídua. É pouco frequente na Caatinga do nordeste brasileiro e mais presente nos terrenos cascalhentos das margens do Pantanal mato-grossense. Floresce de agosto a outubro, com os frutos amadurecendo a partir de outubro. A madeira desta árvore é usada na construção civil, principalmente em acabamentos internos. É útil para o paisagismo de ruas e avenidas, por exibir um porte não muito grande. Adapta-se a terrenos secos e pedregosos. Seu florescimento é exuberante assim como sua folhagem densa, de tonalidade verde azulada.


Referência bibliográfica:

Lorenzi, H. 2002. Árvores Brasileiras. Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Vol. 1, 4ª ed., Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum.


Leia mais sobre Ipês aqui


*Teresa C. S. Sigaud Kutner

www.teresasigaud.com.br

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Bióloga pelo Instituto de Biociências da USP. Mestre e doutora em Oceanografia Biológica pelo Instituto Oceanográfico da USP. Pós-doutora pelo Instituto de Química da USP. Técnica em paisagismo com cursos de formação e de capacitação no Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), Instituto Brasileiro de Paisagismo, Escola Paulista de Paisagismo e Instituto Biológico.


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