Os gatos já foram considerados deuses e parceiros de bruxos; entenda mais sobre eles e seus costumes
Os felinos (felidae) são uma família do reino animal composta por 41 espécies, que se dividem em duas subfamílias:
Pantherinae (tigres, leões, onças-pintadas, leopardo-das-neves e leopardos) e Felinae (que inclui guepardos, suçuaranas, linces, jaguatiricas e gatos domésticos).
Há muito pouca subdivisão nessa família, o que faz com que mesmo havendo particularidades entre as espécies, existam muito mais coisas em comum entre eles.

Cheiros e sons
São animais solitários que encontram outros membros apenas para procriar e ficam com a cria por tempo determinado, à exceção dos leões que possuem uma estrutura social familiar, vivendo e caçando em grupos para sobreviver. Pelo fato de não viverem em grupo, os felinos são bastante territoriais, sendo muito importante para eles marcar presença com odores, seja pela urina ou por feromônios (compostos químicos com a função de comunicação) através de arranhadura ou “se esfregar” em algo, usando essas estratégias para deixar claro a invasores e competidores que aquela área já tem dono.

Para isso possuem glândulas em regiões específicas do corpo como bochechas, cabeça, unhas, coxins, perianal, região mamária, próximo ao rabo. Da mesma forma que um gato doméstico se esfrega em uma pessoa, podemos observar nas paredes de recintos de felinos em zoológicos uma marca ou mancha na altura do corpo dele, pelo hábito de se esfregar.
Cheiros
Essa orientação deles por odor é tão importante que, em casas com mais de um gato, mudanças no cheiro de um indivíduo ao sair para ir ao veterinário ou tomar banho, por exemplo, pode fazer com que ele não seja reconhecido na volta, mesmo que os animais tenham convivido juntos por muito tempo, sendo necessário que se faça novamente um processo de adaptação gradual como se nunca tivessem se visto.

Uma característica que desperta curiosidade e que é muito legal quando um gato doméstico demonstra perto de nós é o ronronar. Som produzido pela laringe de alguns felinos (incluindo lince, a jaguatirica e o gato do mato) quando querem expressar sensações de tranquilidade, prazer e satisfação, mas também podem ronronar quando estão com dor ou com fome. Foi descoberto que esse ronronar libera endorfinas no animal, causando uma sensação agradável. Felinos de grande porte como leão, tigre e leopardo não ronronam e são mais conhecidos por emitirem rugidos ao invés de miados. A principal diferença fisiológica é que o ronronar é um som emitido quando o animal puxa o ar para dentro, já o rugido acontece quando o animal expulsa o ar.
Gatos mais ‘ecológicos’
Ao lidar com felinos é sempre bom ter em mente que o mundo para eles também é visto verticalmente, e a preocupação com o ambiente tridimensional é fundamental para o bem estar deles. Seja na sua casa ou em um recinto de zoológico/santuário é necessário oferecer opções de interações e pontos de fuga verticais no ambiente, como cordas, troncos e plataformas com diferentes pontos de vista aéreos.

O metabolismo deles também tem suas particularidades no que diz respeito à nutrição. Por serem carnívoros estritos precisam de altos teores de proteína na sua dieta e de um perfil proteico específico, pois a obtenção de alguns aminoácidos essenciais depende exclusivamente da sua alimentação. Por isso a substituição de alimentos industrializados pela alimentação natural em felinos é mais criteriosa do que a de cães, sendo necessário o acompanhamento de um médico veterinário nutrólogo.
Banho de gato
Por outro lado são animais que não exigem banhos, já que são naturalmente higiênicos, preocupados com a integridade da sua pelagem, e costumam passar horas se limpando e lambendo. Banhos não são recomendados e podem gerar estresse e problemas na casa com os outros animais, como citado anteriormente. Caso o gato goste e permita o toque, uma escovação semanal já é o suficiente para ajudar a remover os pelos mortos e estimular a saúde da pele.

Uma das maneiras de proporcionar entretenimento e melhorar a qualidade de vida dos animais em cativeiro, onde as atividades e comportamentos naturais da espécie ficam restritos (seja em zoológicos ou nossos gatos domésticos), é o enriquecimento ambiental. Essa prática busca estimular comportamentos observados em vida livre, e pode ser feita com materiais recicláveis encontrados facilmente em qualquer casa. Caixas de papelão podem virar uma toca (gatos adoram espaços escuros e apertados), rolinhos de papel (aquele que fica no meio do papel higiênico e do papel toalha) podem servir para que o alimento seja colocado dentro, estimulando o gato a bater e rolar. Eles também são facilmente estimulados por uma simples bolinha de papel amassado, que iria para o lixo.
Gatos caseiros e selvagens
Felinos se reproduzem com facilidade e um dos grandes problemas tem sido o controle populacional de algumas espécies. A maioria dos parques zoológicos já não possuem espaço para receber leões, e em cidades sem programas de esterilização a reprodução desenfreada aumenta a população de gatos domésticos, gerando um desequilíbrio ambiental importante pelo hábito de caçar aves e pequenos animais apenas para recreação, não caçam somente para se alimentar.

eles tentam incentivar você a ‘aprender’ a fazer o mesmo
Já outras espécies como a onça pintada e a jaguatirica são cada vez mais raras devido à perda de seu habitat natural e a conflitos com empreendimentos humanos como na criação de animais de produção. É comum em ataques a galinheiros e animais confinados um felino matar vários indivíduos mesmo que só coma poucos deles, pois são instintivamente motivados a caçar e só cessam um ataque quando nenhuma presa se movimenta mais.
Gatos caçando
Baseados em todas essas características alguns pesquisadores afirmam que até mesmo o gato doméstico (Felis catus) não é uma espécie domesticada, a distância evolutiva do gato para seu ancestral selvagem é menor que no cão, e a visão que o ser humano tem da convivência com esse animal sofreu e sofre influências de como ele é visto pela sociedade. Devido aos seus hábitos de ficar à espreita, caçar e comer animais considerados pragas como roedores e serpentes, acessar lugares difíceis, serem resistentes à manipulação, possuírem um ótimo equilíbrio, ao longo dos séculos convivendo com populações humanas eles já foram tratados com imenso respeito, como deuses no antigo Egito ou marginalizados quando associados à bruxaria na Idade média.

considerados deuses no Egito ou associados a bruxaria na Idade Média
(Acervo: Ronaldo Sanches Bracciali)
Como brincar com o seu gato
Isso o ajuda a criar vínculo, diminuir o medo e a tensão, prevenir problemas de comportamento e sobrepeso, entre outros benefícios.
– Mova o brinquedo para longe dele, não na direção dele;⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
– Guie o brinquedo para um local escondido e espere seu gato pegá-lo;
– Deixar o brinquedo parado um pouquinho é o que irá estimulá-lo a tentar pegar;⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
– Deixe que ele pegue e brinque um pouco antes de mover novamente;
– Varie a velocidade dos movimentos.
O ideal é que as sessões de brincadeiras ocorram pelo menos duas vezes por dia, podem ser momentos curtos de cerca de 10 a 15 minutos cada.
Todo esse reconhecimento do poder de um felino é porque até hoje ninguém conseguiu controlar (“domar”) o seu comportamento a ponto de suprimir completamente instintos naturais, e problemas relatados da convivência com seres humanos muitas vezes ocorrem por questões ambientais como escassez de alimento, falta de atividades adequadas em cativeiro e disputas de território.
A Porakaá busca a conscientização, prevenção e solução de problemas que envolvem animais domésticos ou silvestres através da divulgação de conteúdo, de atendimentos, cursos e treinamentos, presenciais ou à distância. Surgiu da união de uma médica veterinária e de um zootecnista, especialistas em comportamento animal, que após anos trabalhando com diversas espécies desenvolveram metodologias e diferentes abordagens para melhorar a relação dos humanos com a natureza.

Instagram @porakaa – http://porakaa.wordpress.com
Iniciativa interessante

A Samsung anunciou que as embalagens de algumas de suas novas tvs tem agora uma nova utilidade: se transformarem em estantes e casinhas de gato. A intenção é dar nova função a caixas que antes tinham praticamente zero de utilidade.
O vice presidente executivo e chefe da divisão de estratégia de produtos Samsung, Kangwook Chun, escreve que “Consumidores tendem a consumir marcas que compartilham de fundamentos e valores similares aos seus”. Uma bela iniciativa para nossos amigos felinos.
A Ecooar Biodiversidade incentiva boas práticas e cuidados com todos os animais. Agora que conhece um pouco mais sobre os gatos, que tal saber mais sobre os cães? Clique aqui e fique por dentro.
Fotos: Capa – Porakaá
Outras fotos – Equipe Ecooar e parceiros