Foto mostra uma das borboletas nativas americanas sobre vegetação e flores

Borboletas: polinizadores vitais para o meio ambiente

Borboletas me convidaram a elas. O privilégio insetal de ser uma borboleta me atraiu. Por certo eu iria ter uma visão diferente dos homens e das coisas. Manoel de Barros


*Eugênia Pickina


Quem, na infância, nunca subiu em árvores, sentiu a fragrância das flores e viu, tomado de assombro, os insetos polinizadores: abelhas, besouros, mariposas, borboletas?

Ah, as efêmeras borboletas! De forma assustadora, como as abelhas, as borboletas estão desaparecendo mundo afora.

Foto mostra uma das borboletas brasileiras

Costumo levar minha filha a um parque vizinho ao nosso bairro para ela brincar livre em contato com a natureza. Infelizmente, e de forma reiterada, é cada vez mais raro notarmos na paisagem uma alegre borboleta.

Há quanto tempo você não vê borboletas?

O ser humano não tem sido benevolente com as borboletas. Os desmatamentos, a urbanização desordenada, o uso de pesticidas, a infinidade de abusos que temos cometido contra a natureza vem provocado o incessante declínio desses belos animais, cuja diminuição é grave e alarmante.

As borboletas têm um papel crucial no mundo. Depois que a lagarta se transforma em borboleta, na sua fase adulta, esse inseto alado se alimenta de néctar e se torna um importante polinizador. Mediante sua migração, as borboletas promovem a genética das plantas.

Inclusive borboletas são atraídas por flores e árvores nativas das regiões e países que habitam. No Brasil elas podem ser vistas voando e se alimentando de goibeiras ou manacás, por exemplo.

Foto mostra uma das borboletas brasileiras

No mistério do sem-fim
Equilibra-se um planeta
E, no jardim, um canteiro
No canteiro, uma violeta
E, sobre ela, o dia inteiro
A asa de uma borboleta
Cecília Meireles

Formas variadas, cores em geral vistosas, com voo leve, destacando-se nos ambientes naturais, as borboletas comovem com sua elegância a maioria das pessoas. Além disso, quando pensamos a natureza, e seus direitos, o direito de existir de humanos e não humanos, somos impelidos a chamar atenção para a preservação das borboletas!

Se mantivermos uma relação respeitosa com a natureza, se cuidarmos com carinho de nossas plantas e jardins, as borboletas permanecerão conosco, visitando-nos em suas breves, mas extraordinárias existências.

Como podemos proteger as borboletas?

Do ponto de vista da economia, é imperativo conservar os seus habitats; praticar uma agricultura baseada em modelos agrícolas respeitosos com o meio ambiente; evitar o uso de agrotóxicos também é fundamental para ajudar esses belos insetos e o entorno natural.

Foto mostra uma das borboletas brasileiras

Da perspectiva dos cidadãos, pequenas ações podem ajudar a tornar os polinizadores nativos mais abundantes: aumentar a presença de plantas nativas nos jardins/quintais; moradores de apartamentos urbanos podem também se envolver com hortas comunitárias e oferecer vasos de flores nativas nas janelas ou nas sacadas. Para quem tem um gramado? Substitua essa grama por um jardim nativo; respeitar o código de preservação da vegetação nativa.

A borboleta conta momentos e não meses, e tem tempo de sobra. R. Tagore

Notinhas

Borboleta é o nome comum com que se conhece os lepidópteros, palavra que significa “asas com escamas”, e que provém da terminologia grega, “lepis”, escama; “pteron”, asa. No Brasil há uma grande diversidade de espécies de lepidópteros, sendo que muitos são endêmicos.

Depois dos coleópteros (besouros), os lepidópteros – borboletas e mariposas – constituem a maior ordem de insetos existente no mundo. As borboletas são um dos grupos de animais mais estudados por serem organismos modelos; e, em função de seu apelo estético, são importantes para a educação ambiental.

Foto mostra uma das borboletas brasileiras

A primeira oficina para avaliar o risco de extinção das espécies de Lepidoptera foi realizada em Brasília em 2020. A segunda foi realizada em Campinas, em 2011. O grupo das borboletas é mais representado na lista nacional de espécies ameaçadas. O principal fator de ameaça identificado para este grupo é a perda de habitats.

No âmbito da fenologia, ciência que estuda a influência do clima nas plantas e animais, as borboletas são de grande ajuda, pois suas reações nos indicam com evidência quando haverá mudanças bruscas no meio ambiente. Ou seja, borboletas são excelentes bioindicadores úteis da biodiversidade e do estado geral de saúde dos ecossistemas, porque refletem a condição de conservação ou de alteração dos ecossistemas devido à estreita relação que há entre planta-animal.

Borboletas: pistas da ‘saúde’ do campo

Segundo o biólogo Guilherme Atencio, as borboletas desempenham vários papéis importantes: elas transformam matéria vegetal em comida para animais não herbívoros, uma vez que consomem muitas plantas quando estão crescendo, mas depois elas mesmas servem de comida para outros animais, como pássaros, por exemplo. Se elas sumirem, estes animais ficam sem comida e o ecossistema entra em colapso. Elas também ajudam a manter a variedade genética das plantas do campo, pois elas carregam o pólen por grandes distâncias, ajudando a espalhá-lo.

(…) Sua maior utilidade é como indicadores ambientais, uma vez que elas podem nos dar pistas da ‘saúde’ do campo, exatamente como estamos vendo agora. Seu ciclo de vida é rápido e envolve pelo menos duas espécies de plantas. Então, monitorar essas populações nos dá um bom demonstrativo da condição destes locais.” (Cf. “Possível extinção de borboletas indica estado de saúde dos campos sulinos.” Entrevista especial com Guilherme Atencio – Instituto Humanitas Unisinos – ihu.unisinos.br).

Foto mostra uma das borboleta na mata

O ciclo de vida

As borboletas (ou butterfly, em inglês) têm ciclos de vida fascinantes e que ensinam às crianças/adultos sobre os ritmos da natureza. A transformação ovo – larva – pupa (ou crisálida) – e imago (fase adulta) é uma das maravilhas da natureza. Borboletas adultas se alimentam de maneira diferente do que na etapa de lagarta, e ingerem néctar, pólen e frutas em fermentação, e necessitam de nutrientes ricos em açúcar para fornecer-lhes a energia necessária para seus voos.

Diversos estudos/pesquisas, e no mundo, apontam o declínio nas populações de insetos vistos em quase todas as regiões do planeta. Um terço das espécies está classificada como ameaçada de extinção. O principal fator é a perda de habitat, devido às práticas agrícolas (uso de fertilizantes e pesticidas), urbanização e desmatamento. Em segundo lugar, mudanças climáticas, principalmente em áreas tropicais, onde se sabe que os impactos são maiores.

Borboletas e a educação ambiental

O texto acima serviu inclusive de inspiração para os alunos da Escola IEIJ – Instituto de Educação Infantil e Juvenil, que fica na cidade de Londrina, estado do Paraná.

As informações (veja reprodução ao lado) ajudaram as crianças a entenderem a importância das borboletas e a perceberem esses insetos como integrantes fundamentais no mundo em que vivemos.


Leia mais:
Espaços Verdes Urbanos: fontes de bem-estar nas cidades


Referências:

Para saber sobre o estado de conservação de borboletas no Brasil, consulte: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – www.icmbio.gov.br

Cf. Pequeno Manual para atrair Borboletas para o seu jardim www.publicacoeseducativas.butantan.gov.br

Cf. Laboratório de Ecologia de Insetos (Borboletas) UFRGS.


*Eugênia Pickina
Escritora e educadora ambiental. Especialista em Filosofia (UEL-PR) e mestre em Direito Político e Econômico (Mackenzie-SP).
Tem livros infantis publicados pelo Instituto Plantarum, colaborando com o despertar da consciência ambiental junto ao Jardim Botânico Plantarum (Nova Odessa-SP).
Ministra cursos e palestras sobre educação ambiental em empresas e escolas do estado de São Paulo e do Paraná, onde vive.

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2 thoughts to “Borboletas: polinizadores vitais para o meio ambiente”

    1. Boa tarde Lucas, que bom que perguntou. A Ecooar está ajudando o Planeta desde 2009 ( ou seja, há 12 anos), plantando árvores e ajudando pessoas a entender melhor o mundo em que vivemos

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