Foto mostra pássaro Saí-azul em galho de árvore

Aves e as árvores nativas

Aves são parte essencial em uma floresta. Cada uma delas possui diferentes costumes, cantos e cores. Conheça algumas delas

Se apenas uma árvore pode auxiliar uma grande quantidade de aves, imagine uma floresta inteira, que protege também uma vasta biodiversidade formada por aranhas, formigas, grilos, borboletas, besouros e toda uma imensa variedade de insetos, que servem como alimento e base para a manutenção de toda a fauna existente em um determinado ecossistema.

Quando reflorestamos uma área estamos reinserindo árvores nativas e trazendo de volta todo um ecossistema, que normalmente levaria anos para regenerar-se sozinho. Durante o preparo do solo e plantio das árvores, as primeiras aves já começam a aparecer, algumas bem conhecidas e outras que surpreendem com seus costumes, cantos e cores, avistadas em nossas áreas de reflorestamento e em matas nativas ao redor. Conheça algumas através de fotos incríveis. 

Retratos e aves

Depoimento Diogo Sartori

“A prática da observação de aves, conhecida também pelo termo ‘birdwatching’, pode proporcionar grande satisfação e diversos benefícios a quem pratica. Importante ressaltar que esta atividade pode ser realizada em diversos ambientes e situações, sendo possível sua prática em florestas preservadas, fragmentos de matas, áreas de reflorestamento, florestas plantadas, propriedades rurais, praças e até da janela de sua casa. Pois a prática não exige nenhum equipamento específico, apenas olhar e gravar mentalmente os detalhes observados já é uma experiência muito prazerosa e válida.

Observação de Aves requer alguns cuidados

Mas para que esta atividade possa ser realizada de uma forma correta, principalmente quando realizada em áreas florestais preservadas, deve-se tomar alguns cuidados para mitigar ao máximo o impacto ao ambiente e seus seres vivos, que devem ser prioridade, principalmente respeitando o comportamento das aves.

Falando sobre a prática da observação de aves, existem algumas informações que devemos saber para que a atividade seja um sucesso. A primeira dica é caminhar tranquilamente, com movimentos lentos, fazendo menos barulho; desta forma será possível realizar a observação de modo que consigamos uma maior aproximação das aves, sem estressá-las ou alterar seu comportamento natural.

Outra dica muito importante é dar atenção especial as vestimentas, preferindo cores em tons que se assemelham aos encontrados no ambiente natural das aves, evitando utilizar roupas e objetos claros ou chamativos.

Utilize um binóculo ou uma câmera para ter uma experiência diferenciada, tornando possível uma visualização mais próxima e detalhada das aves, notando detalhes que as vezes não seriam possíveis apenas com os olhos”.    

Aplicativos especializados

Existem diversas ferramentas que auxiliam na observação e identificação das aves, como o uso de guias de campo impressos ou instalados em smartphones, onde existem diversos aplicativos que proporcionam identificação por meio de inteligência artificial, utilizando uma imagem da ave.

Nestes aplicativos, como por exemplo o Merlin e o eBird, e o website WikiAves, é possível encontrar informações de comportamento, área de ocorrência, fotos e sons de todas as espécies existentes e já catalogadas.

É possível também contribuir inserindo informações da ave observada, que possuem uma rede de contribuintes pelo mundo todo, colaborando com o fornecimento de informações para a realização de estudos e consequentemente com a preservação das aves e de seus habitats.

Um grande benefício da observação de aves é o fato de que estes animais estão presentes em praticamente todos os locais de nosso dia-a-dia, não importando se você está em uma cidade altamente urbanizada ou na zona rural, sempre será possível observar as espécies presente no local.

Como exemplo disto temos as espécies que ilustram a matéria, cambacica, joão-de-barro, príncipe, polícia-inglesa-do-sul, paí-azul e sabiá-do-campo, que podem ser facilmente observadas nas mais diversas cidades. Já outras espécies como soldadinho e a pipira-da-taoca, necessitam de um ecossistema mais específico para sua manutenção, como parques e matas. Outras espécies necessitam de condições muito mais específicas e de locais mais preservados para serem encontradas, como é o caso da ave tangará, que teve sua foto feita em uma floresta protegida, dentro de uma estação ecológica estadual.

Aves brasileiras

Cambacica, única na sua espécie

Foto mostra cambacica, uma das aves que vivem nas matas brasileiras

A cambacica (Coereba flaveola) é a única espécie da família Thraupidae no sistema classificativo tradicional, presente em vários estados brasileiros. Mede aproximadamente 10,5-11,5 centímetros e pesa cerca de 8-10 gramas. O dorso é marrom-escuro. O bico é curvado e pontudo, negro e de base rosada.

João-de-barro, uma das aves mais conhecidas

Foto mostra joão-de-barro, uma das aves que vivem  nas matas brasileiras

O joão-de-barro é uma ave presente em diversas regiões do Brasil, predominantemente no Sul e Sudeste, e também na Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. O joão-de-barro é uma das aves passeriforme da família Furnariidae.

A ave mede de 18 a 20 centímetros e não é muito arisca, deixando ser observada. Passa boa parte do tempo no chão, a procura de insetos, cupins, formigas e minhocas.

Conhecido por construir seu ninho em formato de forno, o casal de aves constrói geralmente em árvores e em alto de postes, baseado em palha, esterco e barro úmido, com uma divisão que protege mais o ninho de predadores, sempre em uma posição contrária à da chuva. A construção do ninho pode demorar até 1 mês e pesa em média 4 quilos.

Foto mostra casa da ave joão-de-barro em uma árvore

Ele mantém de 2 ou 3 ninhos, que utilizam em sistema de rodízio, nunca usando o mesmo para a próxima ninhada.

Quando abandonados, os ninhos servem de abrigo para outras espécies de aves, como pardal e andorinhas, e também por lagartixas, pequenas cobras, ratos silvestres e até por abelhas.

Pipira-da-taoca, sempre aos pares

Foto mostra pipira-da-taoca, uma das aves que vivem nas matas brasileiras

A pipira-da-taoca é uma ave passeriforme da família Thraupidae. Presente no Brasil nos estados do Amazonas, Roraima, Amapá, Pará, Maranhão, Acre, Rondônia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e trechos de Minas Gerais, São Paulo e Paraná além de outros países da América do Sul: Guianas, Venezuela, Colômbia, Peru, Equador, Bolívia e Paraguai.

Mede entre 16 e 17 centímetros de comprimento e pesa entre 22,5 e 35 gramas. Arrepia o topete quando canta e costuma manter a cauda entreaberta. O canto é uma sequência apressada e variada de notas agudas e abruptas.

Espécie típica de sub-bosques, fica sempre na vegetação, a baixa altura, e quase nunca sai para lugares abertos. Habita cerrados, cerradões, mangues, matas de galeria e matas secas na Amazônia, no Centro-Oeste e no Sudeste (São Paulo). Vive aos pares ou em pequenos grupos caçando frutos, insetos e formigas.

Príncipe, plumagem inconfundível

Foto mostra príncipe, uma das aves que vivem nas matas brasileiras

Aparece no interior de São Paulo normalmente no mês de maio. Encontrado no sudeste da Bolívia, Paraguai e do sudeste do Brasil até a Argentina e Uruguai. É ave migratória: no inverno, vai da região sul e sudeste do Brasil para a Amazônia e retorna na primavera-verão. É normalmente encontrado aos pares. O príncipe é uma ave passeriforme da família Tyrannidae.

Mede entre 13 e 14 centímetros de comprimento e pesa entre 11 e 14 gramas.

O macho, em plumagem de reprodução, é inconfundível. O vermelho vivo da parte ventral contrasta com o dorso escuro. Alimenta-se de insetos capturados no ar ou no solo, daí retornando ao poleiro favorito.

Polícia-inglesa-do-sul, duas ninhadas por estação

Foto mostra polícia-inglesa-do-sul, uma das aves que vivem nas matas brasileiras

Presente em quase todo o Brasil, menos na região Amazônica, o polícia-inglesa-do-sul é uma ave passeriforme pertencente à família Icteridae.

Os machos dessa ave possuem gola e o peito vermelho escuro e a fêmea domina o marrom em várias tonalidades e o vermelho do peito é leve. O tamanho varia entre 17 e 18 centímetros.

A alimentação é constituída de larvas, insetos e várias sementes, daí a importância do reflorestamento e da proteção de áreas de preservação permanente.

As fêmeas põem de 4 a 5 ovos, principalmente nos campos em moitas de capim e tem hábito de levantar-se em voo na vertical sobre o ninho e cantando. Tem em média duas ninhadas por estação.

Sabiá-do-campo, favorece a disperção de sementes

Foto mostra sabiá-do-campo, uma das aves que vivem nas matas brasileiras

O sabiá-do-campo é uma das aves passeriforme da família Mimidae. É avistado em regiões campestres do baixo Amazonas, através do Brasil central, Nordeste, Leste e Sul até o Uruguai, Paraguai, Argentina e Bolívia.

Mede entre 23,5 e 26 centímetros de comprimento e pesa entre 55 e 73 gramas. Possui uma coloração cinzenta no dorso, alto da cabeça, asas e cauda.

Alimentam-se principalmente de invertebrados e frutos. Os insetos (formigas, cupins, besouros) constituem a maior parte das presas. Os frutos podem ser silvestres (neste caso de pequeno tamanho, engolidos inteiros) ou cultivados, como laranja e abacate. As sementes não são digeridas, e atravessam intactas o tubo digestivo, favorecendo a dispersão delas.

Saí-azul, presente no país todo

Foto mostra saí-azul, uma das aves que vivem nas matas brasileiras

O saí-azul é uma ave passeriforme da família Thraupidae e ocorre em todas regiões do Brasil. Encontrado também de Honduras ao Panamá e em quase todos os países da América do Sul, com exceção do Chile e Uruguai.

Mede aproximadamente 13 centímetros de comprimento e pesa, em média, 16 gramas. Seu canto é um gorjear fraco. Alimenta-se de néctar, insetos e costuma frequentar comedouros de frutas.

O ninho é uma taça profunda, feita de fibras finas, colocado de 5 a 7 metros do solo, entre as folhas externas de uma árvore. Essas aves costumam ter de 2 a 4 ninhadas por temporada.

É comum em bordas de florestas, capoeiras arbóreas, campos com árvores esparsas, florestas secas e de galeria. Vive normalmente aos pares ou em pequenos grupos, procurando insetos ativamente na folhagem ou alimentando-se de frutos em árvores e arbustos.

Soldadinho, sempre alerta

Foto mostra príncipe, uma das aves que vivem nas matas brasileiras

O soldadinho, é uma ave passeriforme da família Pipridae. Várias espécies são da Amazônia e da Mata Atlântica. Ocorre do Maranhão, Piauí e Bahia a Mato Grosso, Goiás, Distrito Federal, Tocantins, oeste de Minas Gerais, oeste de São Paulo, Paraná, Paraguai e Bolívia.

Mede entre 13,9 e 14,5 centímetros de comprimento e pesa entre 18 e 26,5 gramas. Esta espécie alimenta-se também de pequenos insetos, capturados desde 1 metro do solo até a parte mais alta das árvores.

Eles são territoriais, defendendo o local com cantos e perseguições, que afastam os outros machos adultos.

Tangará, mestre na dança pré-nupicial

Foto mostra tangará, uma das aves que vivem nas matas brasileiras

O tangará é uma das aves passeriforme da família Pipridae. Habita as matas densas do sul da Bahia, do sudeste e sul do Brasil, do Paraguai e nordeste da Argentina.

Possui cerca de 13 centímetros, alimentando-se de bagas e pequenos besouros, borboletas e aranhas. Aprecia a magnólia-amarela e fruta do sabiá. Entre os seus principais hábitos, está a típica dança pré-nupcial, onde os machos utilizam um galho, exibindo-se em frente a fêmea, um de cada vez.

Quer saber mais sobre estas e outras? Acesse o Wikiaves, à maior comunidade de observadores de aves do Brasil.

Aves protegidas em reflorestamentos Ecooar

A Ecooar sempre se preocupou em proteger a biodiversidade e a fauna através do plantio de árvores nativas, em áreas de preservação permanente. As árvores, durante o seu crescimento fornecem alimento e proteção, contribuindo de forma decisiva com a biodiversidade local.

Ao plantar uma árvore você colabora com o meio ambiente, reconectando-se com a natureza, muito mais do que você imagina.


Diogo de Lucca Sartori é Professor Assistente Doutor – Engenharia de Biossistemas – Faculdade de Ciências e Engenharia – UNESP/Câmpus de Tupã, Doutor em Ciências – Universidade de São Paulo – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos – FZEA/USP de Pirassununga e possui
Graduação em Zootecnia – Unesp – Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas – Câmpus de Dracena


Textos: Diogo Sartori e adaptação sobre informações do website Wikiaves
Fotos: Diogo Sartori e Ecooar

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A Ecooar Biodiversidade acredita em um mundo melhor! E por acreditar tanto nisso, nossa equipe atua apaixonadamente para proteger, preservar e recuperar a natureza. Trabalhamos com projetos de reflorestamento que agem na recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APP) na Mata Atlântica e demais biomas. A formação de florestas retém CO2 da atmosfera, o que resulta na captura de Gases de Efeito Estufa (GEE) e regeneração do meio ambiente.

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