Solos pobres em matéria orgânica estão associados a escassez de minhocas
*Viviane Hamoui Furquim
As minhocas são encontradas em quase todos os tipos de solo, exceto aqueles muito ácidos ou artificiais. Elas são consideradas saprófagas, isto é, que se alimentam de detritos vegetais e animais misturados aos elementos minerais do solo. Elas possuem uma função importante na remoção das folhas caídas, estercos e outros materiais orgânicos que pairam na superfície, além de facilitar sua reincorporação ao solo melhorando assim sua fertilidade. Por isso, solos pobres em matéria orgânica estão associados a escassez de minhocas.

aos elementos minerais do solo, melhorando a sua fertilidade
Assim, a ocorrência de um número relativamente pequeno de minhocas dificulta que a matéria orgânica decomposta por bactérias e fungos retorne ao solo uma vez que ela fica estacionada sobre a superfície, sem completar o seu ciclo.
Minhocas auxiliando no crescimento vegetal
Por outro lado, elas estimulam a atividade biológica, triturando e misturando os constituintes minerais e os dejetos orgânicos com as substâncias secretadas em seus intestinos, o que faz aumentar as populações de microrganismos do solo e melhorando assim o processo de humificação, essencial para o crescimento dos vegetais. Com isso, a maioria dos nutrientes retornam ao ambiente fechando um ciclo de reutilização.

Entre os vários tipos de minhocas terrestres, as epigeicas (que vivem próximas a superfície), são as mais utilizadas economicamente na vermicompostagem. Esse é o caso da Eisenia foetida, introduzida e muito bem adaptada em terras brasileiras.
Minimizando o efeito estufa
As minhocas afetam positivamente as propriedades estruturais do solo, principalmente a porosidade, que facilita a infiltração da água e a oxigenação, aumentando a taxa de degradação do material orgânico e, consequentemente, sua fertilidade.
Ao reciclar os restos de alimentos na compostagem com o auxílio dos microrganismos, as minhocas impedem também a emissão de gás metano. Aliado aos benefícios que trazem ao crescimento vegetal, elas contribuem significativamente para minimizar, em certa medida, o agravamento do efeito estufa.

A criação de minhocas possibilita uma redução significativa de parte do lixo de origem vegetal, sua correspondente conversão em húmus de excelente qualidade agrícola, e a consequente redução no consumo de agrotóxicos.
Os recentes aprimoramentos das técnicas de manejo têm tornado a minhocultura acessível a todos os que praticam ou desejam praticar atividades sustentáveis, desde grandes criadores, que produzem em escala comercial, até criadores residenciais. Para estes em particular, os materiais disponíveis a custo quase zero, são feitos quase completamente a partir de elementos descartáveis.
*Viviane Hamoui Furquim
Bióloga e Mestre em Zoologia pelo Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo
Fotos: Ecooar