Aglomerados: tecnologia que diminui o uso da madeira

Aglomerados: tecnologia que diminui o uso da madeira

Os materiais aglomerados de partículas de madeira, ou também conhecidos como painéis de madeira aglomerada, apresentam uma grande participação no mercado atual dos produtos derivados da madeira, sendo utilizados para as mais diversas aplicações em nosso cotidiano. Este produto, juntamente com outros derivados da madeira, assumiram um papel de destaque no mercado nacional no final dos anos 90, pois representaram a maior evolução em inovações tecnológicas, disponibilizando ao mercado novos produtos que serviram de matéria-prima alternativa para os setores moveleiros e de construção civil (SALDANHA, 2004).

A tecnologia de produção de painéis de partículas aglomeradas desenvolveu-se principalmente após a Segunda Guerra Mundial, em função da escassez da matéria-prima e, também, pela necessidade de reduzir perdas ocorridas tanto na indústria madeireira como na exploração florestal. No Brasil, a produção de painéis de madeira aglomerada teve início em 1966 (MENDES et al., 2003). Os painéis à base de madeira, assim como outros produtos derivados da madeira, foram ganhando espaço como alternativa interessante quanto aos materiais disponíveis para utilização na construção civil, das indústrias moveleiras, naval e outras (CAMPOS; ROCCO LAHR, 2004).

Painéis aglomerados são geralmente fabricados a partir de materiais proveniente de florestas plantadas mas pesquisas demonstram a possibilidade de uso de materiais lignocelulósicos como cana-de-açúcar, amendoim e outros.

Partículas de madeira

Esses painéis aglomerados são geralmente fabricados a partir de partículas de madeira aglutinadas por adesivo sintético ou outro aglomerante, sendo o conjunto prensado a quente, por tempo suficiente para que a cura da resina se efetue (IWAKIRI et al., 2004 e HILLIG, 2000). Normalmente, para fins comerciais, são constituídos por partículas maiores dispostas ao centro com menores nas superfícies externas, com a aglutinação realizada com resina sintética (OLIVEIRA, 2013). No Brasil, a madeira para produção destes materiais é proveniente de florestas plantadas e de empresas produtoras e, entre estas, algumas utilizam madeira de Pinus na sua linha de produção, outras empregam apenas Eucalipto e algumas combinam Pinus e Eucalipto em proporções variáveis (MACIEL et al., 2004).  

Portanto, esse setor da indústria brasileira consome um volume significativo de madeiras provenientes de florestas plantadas, principalmente do gênero pinus e eucalipto, sendo que para atender à esta demanda crescente pela madeira, há necessidade de não somente aumentar a área de plantio com as espécies utilizadas na fabricação dos painéis, mas também procurar opções de matéria-prima de rápido crescimento que possam contribuir de forma quantitativa e qualitativa (MENDES et al., 2010).

Materiais podem ser usados em forros e são indicados apenas para ambientes
internos protegidos da umidade direta

Produção e sustentabilidade

Notando esta exigência crescente e demanda existente, pesquisadores passaram a desenvolver estudos para a produção de painéis de partículas aglomeradas a partir de resíduos lignocelulósicos, em substituição ao uso da madeira como matéria-prima destes materiais, pois a princípio, esses painéis também podem ser fabricados a partir de qualquer outro material lignocelulósico, como os oriundos de resíduos agroindustriais, que lhes confiram alta resistência mecânica e peso específico pré-estabelecido. Uma vez que a composição química destes materiais é semelhante à da madeira, mais precisamente, com a das madeiras duras que contêm menor teor de lignina e maior teor de hemiceluloses do tipo pentosanas (ROWELL et al., 2000).

Pesquisas veem sendo desenvolvidas para a produção e aplicação de painéis de partículas aglomeradas a partir de resíduos lignocelulósicos da agroindústria em novas áreas que não sejam as convencionais, destinadas a moveleiros e de construção civil. É o caso do desenvolvimento destes materiais para aplicação em instalações destinadas a produção intensiva de animais, que para isso as matérias-primas utilizadas são em sua maioria o bagaço de cana-de-açúcar e casca de amendoim que são resíduos gerados no processo de produção e processamento de culturas agrícolas.

Aglomerados podem ser utilizados em bretes, por exemplo
Aglomerados podem ser utilizados em instalações destinadas a produção intensiva de animais

Aglomerados: agregando valor

A produção de painéis de partículas de resíduos lignocelulósicos é uma alternativa de destino com agregação de valor a esse subproduto, possibilitando atender à crescente demanda da indústria de painéis de madeira, além de contribuir com a diminuição do uso da madeira, reduzindo custos de produção dos painéis, tornando-os mais competitivos no cenário econômico (MENDES et al., 2010).

Os estudos para o uso de resíduos lignocelulósicos na produção de novos materiais vem se intensificando e juntamente com essa tendência, a contribuição para a mitigação do impacto ao meio ambiente, podendo que a produção de painéis aglomerados deste tipo ser inserida nesse contexto. (FIORELLI et al., 2012)

Diogo de Lucca Sartori é Professor Assistente Doutor – Engenharia de Biossistemas – Faculdade de Ciências e Engenharia – UNESP/Câmpus de Tupã, Doutor em Ciências – Universidade de São Paulo – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos – FZEA/USP de Pirassununga e possui
Graduação em Zootecnia – Unesp – Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas – Câmpus de Dracena

Bibliografia

CAMPOS, C. I.; ROCCO LAHR, F. A. Estudo comparativo dos resultados de ensaio de tração perpendicular para MDF produzido em laboratório com fibras de pinus e de eucalipto utilizando ureia-formaldeído. Matéria, Rio de Janeiro, v. 9, n. 1, p. 32-34, 2004.

FIORELLI, J. et al. Sugarcane bagasse and castor oil polyurethane adhesive-based particulate composite. Materials Research, São Carlos, v. 16, n. 2, p. 439-446, 2012.

HILLIG, E. Qualidade de chapas aglomeradas estruturais, fabricadas com madeiras de pinus, eucalipto e acácia negra, puras ou misturadas, coladas com tanino-formaldeido. 2000. 96 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Maria Santa Maria, UFSM, 2000.

IWAKIRI, S. et al. Produção de painéis de madeira aglomerada de Grevillea robusta A. Cunn. ex R. Br. Revista Árvore, Viçosa, v. 28, n. 6, p. 883-887, 2004.

MACIEL, A. S. et al. Chapas de madeira aglomerada produzidas com partículas de Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden, poliestireno (PS) e polietileno Tereftalato (PET). Cerne, Lavras, v. 10, n. 1, p. 53-66, 2004.

MENDES, R. F. et al. Painéis aglomerados produzidos com bagaço de cana em associação com madeira de eucalipto. Scientia Forestalis, Piracicaba, v. 38, n. 86, p. 285-295, jun. 2010.

MENDES, L. M.; ALBUQUERQUE, C. E. C.; IWAKIRI, S. A indústria brasileira de painéis de madeira. Revista da Madeira, São Paulo, v. 1, n. 71, p. 12-12, 2003.

OLIVEIRA, S. L. Painéis aglomerados de bagaço de cana de açúcar: caracterização visando ao uso na indústria moveleira. 2013. 141 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2013.

ROWELL, R. M.; HAN, J. S.; ROWELL, J. S. Characterization and factors affecting fiber properties. In: NATURAL POLYMERS AND AGROFIBERS BASED COMPOSITES, 1., 2000, São Carlos. Anais… São Carlos: Embrapa Instrumentação Agropecuária, 2000. p. 115-134.

SALDANHA, L. K. Alternativas tecnológicas para produção de chapas de partículas orientadas “OSB”. 2004. 83 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2004.

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